quarta-feira, 31 de agosto de 2011

"São Paulo me inspira e me bloqueia", diz líder do Vanguart



"Ir para o mato" é como o músico Helio Flanders, 26, se refere a Cuiabá (MT), cidade em que cresceu.

Assentado em São Paulo há quatro anos, o líder da banda Vanguart escolheu a Barra Funda como morada. "É um 'interior'", comenta, sobre seu "mato" paulistano.

Neste mês, a banda está lançando o álbum "Boa Parte de Mim Vai Embora", embebido pela vida em São Paulo. Ver amigos músicos (como Thiago Pethit e Tiê) tocarem na cidade também influenciou Flanders. "Aqui posso sair todo dia e ouvir gente nova."

No entanto, se por um lado São Paulo é musa, por outro, sua "frieza" pode bloquear a escrita de uma canção de amor. "Mas logo você encontra o calor dos amigos", diz o músico.

Folha - Onde é a sua São Paulo?
Helio Flanders
- Há dois anos, moro na Barra Funda. Gosto muito do bairro. Na minha rua tem salão de beleza, mercado, padaria, um cara que vende frango, ração pra cachorro, prego... É um "interior", coisa que Perdizes, quando morei lá, não tinha. Quer dizer, até tinha, mas era uma coisa mais elitizada, com preços mais elevados. A Barra Funda é mais próxima do centro, e você faz tudo lá. Se você quer uma coxinha mais sofisticada, pode ir para Higienópolis, comer na [padaria] Dona Deôla.

De que maneira a cidade te inspira?
Você vê a avenida cheia de carros, o céu, as pessoas trabalhando, e isso pode te inspirar de forma tão imensa como uma praia. Mas, ao mesmo tempo, a cidade bloqueia minha criação. A situação de estar em uma metrópole pode te angustiar, o que torna mais difícil criar uma canção subjetiva.

O que você gosta de fazer por aqui?
Dar minhas voltas pelo bairro, comprar vinis no centro, ir ao Sujinho [restaurante de carnes] com os amigos, ao bar Estadão -o clássico. E ir à Augusta, ao Studio SP. Sempre fazemos shows ali. É aonde mais vou à noite.

O Vanguart se afastou do folk?
Cantando em inglês, a gente acaba indo para algo mais folk e blues. Com esse [novo] álbum só em português, somos mais a gente. O folk está mais diluído, temos mais influências.

E quais são essas influências?
Nas letras, escritores como Walt Whitman e [Jorge Luis] Borges, que me deram um "up" para um discurso de poesia. E, de música, a gente ouviu muita coisa. Além de rap, tem os amigos com os quais a gente trabalhou, o Thiago Pethit, os Los Porongas, a Tiê.

Como você cantaria São Paulo?
Nossa... Você diz numa canção? Essa é difícil... [pausa] Muita coisa acontece no meu coração, quando eu cruzo a Lopes de Oliveira com o Minhocão!

FONTE: UOL


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