quinta-feira, 30 de junho de 2011

O Fim da Mediocridade (Lab Pop)

O texto abaixo é sobre a Abrafin, Associação Brasileira de Festivais Independentes. O jornalista Mário Marques, da Coluna Música, do Laboratório Pop afirma que os principais parceiros da associação decidiram abandonar o "sindicato dos indies de Cuiabá", tendo como consequência o fim da Abrafin, que entre outros eventos produz o Grito Rock e o Calango. Leia a matéria na íntegra abaixo.

Este texto não é um artigo. É um aviso. Que poderia ser mais rápido, conciso. Apenas um aviso necessário. Mas é necessário também explicar o porquê desse aviso. Peço licença para estender-me. Mesmo porque tenho que ser rápido. Porque aqui se trabalha muito e não temos verba pública para fazer a coisa funcionar. Com orgulho.

Nos últimos seis anos, uma turma de produtores irrelevantes de bandas irrelevantes e de festivais ainda menos do que irrelevantes disse, como um mantra, para as bandas brasileiras iniciantes, que o caminho era tocar sem pensar em fazer sucesso, trotando em cima de uma tal "cadeia produtiva".

Alinharam-se em seminários, palestras e reuniões e, com suas postulações sindicalistas absurdas, quase gaiatas, angariaram apoio de, estes, sim, produtores de verdade: Jomardo Jomas (Mada), Paulo André (Abril Pro Rock), Aluiser Malab (Eletrônica), Gustavo Sá (Porão do Rock), fazendo-os crer que a união fazia a força.

No caso, a união se referia especificamente a buscar verbas públicas para a realização de delírios independentes. Não fossem os produtores, os irrelevantes, os piores curadores de música que já se teve notícia, até se aceitaria um movimento desses.  Não fossem as verbas direcionadas a bandas dos próprios produtores – sinceramente, quem acha Camarones Orquestra Sei Lá o Quê e MQN passíveis de subir a um palco como algo digerível?

Além de promoverem suas próprias bandas medíocres, que antes estavam no lugar certo – o ostracismo – os produtores irrelevantes fizeram emergir tudo o que de pior havia na música brasileira: os jornalistas mais despreparados, que trocaram opiniões por passagens para Cuiabá e cervejas e coxinhas; as bandas mais mulambas e inacreditáveis do mundo (acreditou-se que Black Drawing Chalks e Mini Box Lunar eram estrelas do pop); montaram palcos e mais palcos Brasil afora para abrigar artistas abaixo da crítica, que jamais teriam espaço em lugar nenhum.

Empresas  públicas como a Petrobras entraram nesse circuito medonho e bancaram algumas dessas atrocidades culturais. É sério: nossa companhia petrolífera liberou cheques para que  um sem-número de artistas sem talento plugasse guitarras desafinadas em amplificadores pancados.

Enquanto isso, Mada, Eletrônica, Abril Pro Rock e Porão do Rock assinavam embaixo, chancelavam e davam vulto a esse grupo menor de sindicalistas do rock.

Pois, nariz de cera razoavelmente encerado, chegamos ao aviso.

Mada, Abril Pro Rock, Eletrônica e Porão do Rock acabam de abandonar o sindicato dos indies de Cuiabá, a Abrafin. 



Nem se pode dizer que a Abrafin chegou ao fim, porque de fato ela nunca existiu porque não influenciou em absolutamente nada no circuito independente.  Passados seis anos, nem sequer um artista lançado ali alçou voo mais alto. Passados seis anos, não surgiu um só festival independente de vulto.

Não se pode dizer que os eventos de Cuiabá e Goiânia sejam dignos de nota.

Os grandes festivais, de produtores importantes da música brasileira - leiam sobre Paulo André, que lançou Chico Science e Cascabulho – saíram em bloco desse sindicato de música muito ruim. 

Demoraram bastante, eu diria.

Mas saíram. Do que vive a Abrafin agora? Não sabemos. Mas saberemos.

O que sabemos é que milhares de bandas acreditaram nesse eldorado do patético, dos discursos apocalípticos de que o novo mercado era um mercado que não precisava de aplausos. Faz show para cinco pessoas? Não tem problema. O que importa é sua atitude. Todo mundo acha sua banda um horror? Não se importe. Vem pra Abrafin que aqui é lugar de banda ruim.

A Petrobras e outras entidades públicas já sabem que os grandes festivais deixaram o maior polo fabricador de banda ruim do Brasil?

Façamos saber.

4 comentários:

  1. O texto mostra a antipatia do autor com o pessoal da abrafin

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  2. Havia escrito uma palavra errada, em minha postagem de cima, a mesma está aqui corrigida.

    Não creio que seria a antipatia... mas sim a revolta pelas inúmeras estratégias mal encaradas que foram utilizadas durante todo o processo. Amenizar problemas e passar o pano por cima da poeira nunca resolveu grandes problemas, apenas os escondeu por algum tempo. Concordo com o autor, o descaso com a cena cultural e musical de Cuiabá fez com que muitos artistas bons se esquivassem da cena, mas hoje eles estão voltando, garantindo e expandindo o talento.

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  3. pq o legal mesmo em festivais é ROCK in Rio com Rihanna, Katy Perry, Claudia Leite e NX Zero não é verdade? uheehheheuhehueh

    É... ser roqueiro no Brasil, (e em especial em nossa cidade) tá ficando difícil hein...

    :/

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  4. Em minha opinião, Mário Marques aborda um tema sensivel e que muitos outros não tiveram a coragem de faze lo. Todos os ooutros falam por trás, não assumem uma posição crítica contra o Cubo e contra a Fora do Eixo em Geral. Esses dois são um câncer para a cena, leia-se cena underground nacional, é uma ameaça, um vírus que deve ser banido. Se eles voltarem para Cuiabá, o papel dos atuantes de hoje em Cuiabá é vetar e ignorar qualquer ação que Pablo Capilé e sua trupe queira fazer. Esse vírus demorou sair daqui, é uma ameação ao nosso sistema. Não deixemos ele se desenvolver aqui novamente! E minha opinião em relação a saúde da Cena em Cuiabá, sou contra o monopólio, sou contra as panelas, a escravidão e tudo isso o Capilé fez e faz como bem quer. Aqui não, Capilé.

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